BOLERO

Bolero é uma composição gestual em 169 compassos. Uma dança de sedução puramente física que mistura o lirismo do movimento com a ausência de uma narrativa linear, produto do estudo da conhecida e popular obra musical Boléro (no título original francés), de Maurice Ravel, que foi criada para a bailarina Ida Rubinstein em 1928. A música, com influência espanhola e de melodia simples e repetitiva, tem um movimento de aumento no volumem e na intensidade, que avança ferozmente num crescendo piramidal devorando o espaço sonoro. Tem sido catalogada como uma das peças musicais mais importantes do século XX. Em 1961, o bailarino e coreografo Maurice Béjart criou sua versão coreográfica para o Boléro, que foi de grande relevância e recordação para a história da dança, principalmente pelas interpretações de Jorge Donn e Sylvie Guillem.

A coreografia foi criada pelo venezuelano Luis Viana em 2004 para a obra ‘Arrojo’. No Bolero, Flórez se apropria dos movimentos da coreografia original e os recria com uma nova tonalidade, mantendo ainda o caráter romântico dos gestos e a proximidade com a estética da dança moderna; deixando espaço também para inserir algumas citações da coreografia de Maurice Béjart.

Em Bolero, o ritmo e a melodia da música influenciam diretamente a transformação física e energética do performer, gerando múltiplas insinuações de imagens entre clássicas e barrocas, que evocam interpretações viscerais e femininas da história da dança.